quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Olá garotas, como vocês vão?

Estamos inaugurando esta bloga, como uma iniciativa de compartilhar nossas idéias, pensamentos, produções, pesquisas, indicações, achados e momentos! Somos, até agora, quatro feministas do Sul do país, identificadas com a corrente do feminismo radical (radical significando, ir à raíz, tanto na compreensão da situação colocada, quanto na proposição de soluções que realmente venham a modificar, no âmbito imediato e estrutural, a vida das mulheres, tendo por princípio o seu protagonismo nesse processo).

Pretendemos organizar aqui algo das nossas discussões e formalizar nossos princípios, do feminismo que acreditamos, das necessidades e objetivos que motivam, nossos métodos e fundamentação teórica e nossas buscas, questões. Acreditamos num feminismo sério e não-comedido, que busque criticar formas de violência contra a mulher que são estruturantes da sua vida em uma sociedade Patriarcal.

Patriarcado: domínio dos pais, dos possuidores das terras, filhos, filhas, mulheres, mães, escravos, animais. Essa é a nossa origem. País, nação, pátria, paternalismo. Aqueles que cuidam de nós, por não podermos decidir por nossos atos. Essa a raíz das violências contra crianças, mulheres, animais e outros que venham a ser destituídos de um status de humanidade que é, em último caso, definido pelos atributos exclusivamente possuídos pelos pais, e por aqueles que venham a assumir e continuar esse papel, os seus filhos, os homens. Essa é a justificativa da existência permanente do regime de violência nessas sociedades em sua ameaça latente, sua execução constante ou como uma ética que conduz nossas vidas e relações, valores que moldam nossa visão de mundo: a necessidade da imposição dessa casta em nossa vida civil, em nossas vidas, em nossos lares, em nossas cabeças, à nossos próximos. Violação, Abusos, BDSM, pornografia, incesto são os meios pedagógicos do patriarcado afim de isuflar nas hordas ordeiras que o seguem a disciplina na execução de seus serviços. Essa casta podemos chamar de Supremacia Masculina, o domínio dos machos solidarizados para essa organização, de forma a manter seu poder e influência sobre meios e seres humanos.


Acreditamos na necessidade de recuperação de imagens e referencia de algo que tenha sido nosso. Algo que tenha sido mulher, próprio de nós, numa possibilidade de subversão dessa ordem social, representada pelos valores masculinos, androcêntricos, bélicos, assim construídos para determinadas finalidades e por determinados sujeitos que encarnaram também a personificação desses valores, e permanecem encarnando em outros, o nosso conhecido sistema dos gêneros socialmente divulgados e criados para a real funcionalidade do Patriarcado, demarcando os lugares na ordem jurídico-pública para os atores sociais. Lugares que são estes, sadomasoquistas, com dominadores e dominados, escravos e senhores. O sistema dos gêneros inventa uma farsa patriarcal chamada 'o feminino', lugar da passividade, da obediência, da receptividade e do aprazador/prazer. A mulher então é submetida desde um longo condicionamento, fortalecido por signos e mediadores existentes por todas dimensões que possa ser viável, para ocupar o lugar da feminilidade, onde é treinada e mutilada para desempenhar-se enquanto um ser obediente, pacífico e que garanta a continuidade da tranquilidade das coisas no Patriarcado, pra que supervisione se está tudo no lugar, pra que cuide do Lar, dos filhos, da satisfação do prazer do Pai e destes filhos, do alívio e contenção das tensões, nem que seja absorvendo, sendo por isso mesmo o alvo mais primitivamente construído para direcionamento das agressividades desses sujeitos. Através da maternidade são introduzidas as condições pra que esse aplacamento se garanta, onde então a falocracia recebe apoio e proteção de seus atos de forma que se mantenham confiantes de ocuparem o lugar fálico de tudo poderem, de portarem um ter simbólico que subjuga os demais.


Vemos a necessidade de recuperar o sentido dos laços entre mulheres, desde cedo direcionados aos homens, pelo assédio do ter a ordem social, a validação, o poder, os meios, os meios de vida, a segurança, a economia como forma vital de suplantar Supremacia Masculina desde suas bases. Acreditamos portanto, num lesbianismo-feminista e político, que se define por uma ética de amor e vínculo entre mulheres, solidariedade e re-erotinização dos laços entre mulheres, numa busca de vitalização de uma relação esvaziada e mortificada, imposta pela rotina patriarcal vivida pelas mulheres de busca de agradar seus maridos, companheiros, amigos, patrões em geral, onde nunca o que fazem é suficiente e onde toda a culpa recai sobre estas.


Cremos que o feminismo, seus estudos e sua produção, sua movimentação, é depositário das respostas para maior parte dos campos das ciências, onde investigam-se problemas, uma vez que remete a mais fundante das questões levantadas no confronto com nossos embates políticos diários: ela pode nos dizer onde tudo começou.


*por Jan, que acredita na necessidade de maior desenvolvimento das apresentações desses conceitos nessa introduzida inicial.

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